segunda-feira, 30 de junho de 2014

mas pressinto seu passar

mas pressinto  seu passar
      oh vozes, oh visões verdade
      que deste presente passado
      não me deixam esquecer  
      que tamanha crueldade
      comigo fazes então
      não me deixas esquecer
      que de tortura me aparecem
      falando-me ternamente
      repassado tais cenas
      de que tanto estou afastado

me entristecem apenas

 me entristecem apenas
      tuas esmaecidas cenas
      relâmpados do que já foi
      isso não tem mais valor
      que não seja fazer crer
      que valeu a pena tal dor...
      mas meu Deus tanta gente
      por esta cena passou
      tanta gente morreu
      quantos mortos quantos
      no esquecimento cimento
      da pele fria, mas quantos
      de repente me vejo os mortos
      em meus olhos desfilar
      e os que estão vivos ainda

Cuidado, oh cuidado!


Cuidado, oh cuidado!

      De que maldito arquivo

      tais falas fazem ser?

      Por que não me deixam no alívio

      aquelas cenas esquecer

      para que servem essas visitas

      e aquelas tristes vistas

      as sedas que vestem o corpo

      morto, e as ressecadas toalhas

      os castiçais tão deveras

      os mortos rostos rever

      oh vozes que ouvi no passado

ROGEL SAMUEL

    

passantes falantes viventes

passantes falantes viventes
      foram estas vozes passadas
      por refazer as imagens
      de onde vens e para quê?
      por que levantar o depósito
      do que mantido devera ser
      do que ouvir de novo, porquê?
 

Vozes que ouvi no passado

      Vozes que ouvi no passado
      falando-me ternamente
      repassam-me tais coisas
      de que estou afastado
      que perdido no passado
      sem pátria nem tino
      sem que do breve e do lento
      momentâneo acontecer
 

Não posso reter os teus traços

Não posso reter os teus traços
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se desvanece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando eu te vir já será garço
Repique fraco a tua cena
O afastado abraço
oriunda onda a que cerca de aço
Me levarão essas algemas?


que quando entrei do patamar no espaço

que quando entrei do patamar no espaço
no comando gritavam pulsações de alarme
e o repuxo das terras punham plácidas tábuas
esboroado o farol a ímpeto último.
e coloridas voavam no patamar da estupa
bandeiras de rezas estandartes de graças
e era quando ali recebíamos forças
do aro de metal tão plano quanto aço.
mas do mormaço apareciam taças
bye-rung kha-shor amorosa puro néctar túmido
no fomento do som de trompas que sobre o azul colore
levadas a pulso poderosas e em bando.
ó grande tarde de Padmasambhava
ó grande área aquela de palácio!
rufam tambores encastelados deuses
refregas rumores talássicas ameaças
de Mahakhalas de khatvangas de espadas!
 
quem me deram estar de volta em poema
e lá não me perder no azul do céu da cena
 
 

eu não tenho um grande amor

  eu não tenho um grande amor
      mas há quem o tenha
      ( por isso me alegro)
      
       a jovem olhava  perto o amigo
      que sorria, embevecido
      e a tarde morria
      
       as alegres garotas  entravam no parque
      a cantar  na praça vermelha
      algumas cândidas e jovens
      os velhos casais cansados
      na calçada do Pacificador
       ainda guardavam as relíquias
      as alegrias finas
      eu não tenho um grande amor
      mas há quem os tenha
      e por isso me alegro
      e em júbilo canto
                                 21/12/98


ó terra de belos poemas

(quadro de r. samuel)

 ó terra de belos poemas
      te vejo nos finos trilhos
      o amor passou por aqui
       amados esquecidos na gare
      a aliança dessas terras
       que faremos nós?
      do fundo de tuas filhas
      nas orientais de olhos sagazes
      eu quero teu belo bolero
      a tua cinta e camisa
      ó bicicletas acrobáticas
      o teu relógio
       marca na floresta negra
      teu passo e tua rede
      não passará
                                 Walldofer, 1998


De minha avó Edília

De minha avó Edília
      herdei, que o Conselheiro
      tinha por lá sua razão
      ela uma Araújo
      ele um Maciel
      ambos que de Sobral
      de inimigas famílias.
      E um certo Cap. Galdino
      temido ser meu avô
      naquelas terras amaras.
      Ó passado inexplicável
      Ó tão longínquo destino
      de minha avó, minha sina
      herdei o porte fidalgo
      de minha raiz nordestina.

O amor nos põe a andar

O amor nos põe a andar
      diz Lao-Tsé, o sábio.
      Mas o amor anda  em busca
      de seu amor seu desejo
      o amor, que põe a andar
      não na estrada, na estrela
       mas no desconhecido
      pois que ninguém o ama
      ou esquece
      em busca de sua sina

NO QUINTO DE SEUS POEMAS





No quinto de seus poemas
      Lao-Tsé nos ensina
      a Universal referência
      de todas as coisas iguais.
      Assim é o Universo
      cheio de poder e vazio
      como o sol fole da forja
      o vento da tempestade
      o vão entre as estrelas
      as flores da madrugada
      um Universo  imenso
       movido por seu silêncio

POEMA

    a noite não será tão negra enquanto eu puder ouvir a sua canção nem saberei de dor enquanto navegar nas suas águas límpidas nas suas ima...